IMPACTO DO MANEJO MADEIREIRO EM UMA FLORESTA SECA DE CAATINGADissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação da Universidade Federal Rural de Pernambuco como exigência para obtenção do título de Mestre. Autora: Rodrigo Ferraz Jardim MarquesResumo do trabalho: A floresta seca de caatinga regenera sob diferentes formas de perturbação, como no caso do Manejo Florestal (MF), podendo ter sua composição e estrutura da comunidade vegetal totalmente afetadas. A lenha para fins energéticos é o principal produto madeireiro explorado no manejo dessa floresta. No entanto, ainda não se sabe exatamente quais os resultados dessa intervenção na preservação da biodiversidade e seus impactos nos processos ecossistêmicos. Este estudo avaliou a diversidade de espécies, composição funcional e a estrutura da vegetação em áreas sob manejo florestal madeireiro em comparação com área de referência não manejada, que não houve corte raso. Realizaram-se inventários de flora em 35 parcelas de 20×20 metros, distribuídas em seis áreas manejadas e uma área de referência. Os parâmetros estruturais da comunidade vegetal, incluindo abundância de indivíduos, área basal, altura, diâmetro do caule, biomassa, hábito (arbóreo ou arbustivo) e quantidade de ramos, foram comparados entre áreas manejadas e a área de referência. Observou-se que as áreas manejadas apresentaram menor diversidade de espécies acumulada, como o maior resultado encontrado no habitat de manjo florestal com nove anos em regeneração, com 21 espécies, e uma composição funcional distinta, com predominância de espécies arbustivas de múltiplos troncos, em comparação com a vegetação antiga de referência, essa com 25 espécies. As áreas manejadas mostraram uma estrutura de porte reduzido, com menor média de altura (3,15 m no habitat manejo com nove anos em regeneração x 5,16 m vegetação antiga de referência) e diâmetro do caule (6,64 cm no habitat manejo com 11 anos em regeneração x 9,15 cm vegetação antiga de referência), mas maior quantidade de ramos (3,16 caules ind.-1 no habitat manejo com 10 anos em regeneração x 1,46 caules ind.-1 vegetação antiga de referência), refletindo a predominância de rebrota vegetativa. A média da biomassa por indivíduo também foi menor nas áreas manejadas (8,10 kg no habitat manejo com 11 anos em regeneração x 32,9 kg vegetação antiga de referência), indicando um impacto do manejo florestal na regeneração da vegetação. Esses resultados sugerem que o manejo florestal, embora uma estratégia para exploração sustentável, pode reduzir a diversidade e alterar a estrutura da comunidade vegetal, favorecendo espécies com maior capacidade de regeneração vegetativa. O manejo florestal através do corte raso em faixas alternadas pode contribui para a regeneração, mas o ciclo de exploração de exploração deve ser pensado para garantir a conservação da biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos florestais na caatinga.