Unidade de conservação
RVS Mata Tapacurá

O Refúgio de Vida Silvestre Mata de Tapacurá foi criado pela Lei n° 9.989, de 13 de janeiro de 1987 como Reserva Ecológica visando à proteção das áreas necessárias dos mananciais de interesse da Região Metropolitana do Recife. Tal Lei impunha o disciplinamento das condições básicas para preservação dos respectivos recursos hídricos e considera de proteção ecológica aquelas áreas que, pelas características de flora e fauna, constituem fator relevante para o equilíbrio ecológico da Região Metropolitana do Recife.

O nome da Mata de Tapacurá tem origem indígena e faz alusão ao rio Tapacurá, bacia a qual pertence à área do RVS. Remanescente de Mata Atlântica, o RVS Mata de Tapacurá localiza-se no município de São Lourenço da Mata, em área rural próximo à barragem de Tapacurá. Possui área de 100,92ha inserida em propriedade privada na bacia hidrográfica do rio Capibaribe.

A maior parte do solo no RVS e em sua Zona de Amortecimento é usado para plantio de cana-de-açúcar (58,60%), seguida por outros usos, como, por exemplo, áreas de campo sujo com edificações, pastagens, capoeiras, pomar, vegetação secundária e áreas com árvores isoladas (14,67%). Uma porção também é composta por massas d’água (11,94%), que integram a Barragem Várzea do Una e os rios associados e vegetação nativa (14,13%). Já as estradas (0,65%) compõem áreas menores.

O RVS Mata de Tapacurá tem suas terras como propriedade de três instituições: Usina são José, Assentamento Colégio Pixaó e Engenho Taboca (segundo informações coletadas na comunidade do Barro). No interior do RVS há várias estradas que cortam o RVS servindo de facilitadoras para o escoamento da produção de cana-de-açúcar, mas que ocasionam fragmentação do ambiente.
Em relação à forma de vida das espécies registradas no âmbito do município de São Lourenço da Mata/PE, predominaram as plantas arbóreas, com mais de 400 espécies (38,6% do total) registradas. As ervas terrícolas ascenderam a segunda posição com 252 espécies (24,2%), seguida pelas lianas (128 spp. – 12,3%), arbustos (112 spp. – 10,7%), subarbustos (70 spp. – 6,7%), ervas epífitas (34 spp. – 3,3%), e demais formas de vida. As espécies vegetais registradas no refúgio são típicas das florestas ombrófilas da região.

Destacaram-se no estrato arbóreo as espécies Thyrsodium spruceanum (Anacradiaceae), Eschweilera ovata (Lecythidaceae), Miconia amacurensis (Melastomataceae), Xylopia frutenscens (Annonaceae), Tabernaemontana affinis (Apocynaceae), Manilkara salzmannii (Sapotaceae), Maytenus distichophylla (Celastraceae), Ocotea glomerata (Lauraceae), Protium heptaphyllum (Burseraceae), Hymenaea rubriflora (Fabaceae), Eriotheca crenulaticalyx (Malvaceae), Shefflera morototoni (Araliaceae), Simarouba amara (Simaroubaceae), Lecythis pisonis (Lecythidaceae) e Alseis pickelii (Rubiaceae). A presença de epifitismo é marcada por espécies de orquídeas, bromélias e aráceas.

Para este RVS foram registradas cinco espécies de mamíferos, trinta e três de aves e quatro de répteis. Anfíbios não foram verificados durante os trabalhos de campo na área (uma vez que, nos pontos de amostragem, não foram verificadas áreas úmidas condizentes com as possibilidades de ocorrência de espécies). Entretanto, é possível que ao menos algumas ocorram na área durante períodos chuvosos, nos quais haja a formação de poças temporárias compatíveis com os hábitats requeridos para reprodução das mesmas. Pesquisas subsequentes poderão confirmas esta suposição.

As condições florestais mais densas permitem pressupor uma maior riqueza de espécies, condição esta evidenciada pela presença de diversas espécies, a saber, Piaya cayana (alma-de-gato), Thamnophilus caerulescens (choca-da-mata), Conopophaga lineata (chupadente), Megarynchus pitangua (neinei), Myiarchus tuberculifer (maria-cavaleira-pequena), Basileuterus culicivorus (pula-pula) e Myiothlypis flaveola (canário-do-mato) dentre as aves, Bradypus variegatus (preguiça-bentinha) dentre os mamíferos e Strobilurus torquatus (calango-rabo-de-abacaxi) dentre os répteis.

A conexão desta área com os demais RVS via corredores ecológicos é desejável como estratégia para sua conservação, ainda que seja via APP de rios, o que pode contribuir com a formação de corredores. Sendo um remanescente estabelecido na região onde a cana-deaçúcar está estabelecida desde a época da colonização, considera-se que sua relevância em termos de serviços ecossistêmicos prestados é fundamental para a bacia. Ainda, a existência e reprodução de espécies da flora e da fauna e a dinâmica das comunidades podem ser consideradas “termômetros” dos reflexos das mudanças climáticas sejam a nível local, regional ou global.

 

Endereço da sede provisória e Contatos
Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA .
Av. Gen. San Martin, 1371 – Prédio Central – Ludoteca/Herbário – Bairro do Bongi Recife PE.
joselma.figueiroa@cprh.pe.gov.br
(81) 99488-4453

Conheça o Diploma Legal do RVS Mata Tapacurá

Conheça a Ficha Técnica do RVS Mata Tapacurá

Conheça o Plano de Manejo do RVS Mata Tapacurá