Poluentes Atmosféricos
Segundo a Resolução Conama nº 491/2018, poluente atmosférico é qualquer forma de matéria – levando em conta sua quantidade, concentração, tempo ou outras características – capaz de tornar o ar impróprio ou nocivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público ou às atividades humanas cotidianas, prejudicial à segurança ou uso da propriedade, além de danoso aos materiais, à fauna e à flora.
Assim, são importantes para o estudo da qualidade do ar as substâncias que geram danos à saúde, à fauna e à flora, assim como às atividades humanas. A seguir estão descritos, de forma sucinta, os poluentes atmosféricos monitorados atualmente CPRH em Pernambuco.
Material particulado (PM10)
Características: São partículas suspensas no ar nas formas sólida ou líquida. Possuem forma, composição química e diâmetros variados (granulometrias padrão de MP10 ou MP2,5, medidas em micrômetros). Podem estar na forma de poeira, neblina, aerossol, fuligem, partículas de óleo, entre outros. Essa variação depende da origem e dos processos físicos e químicos aos que foram submetidos.
Fontes principais: Siderurgia, cimenteiras e atividades de construção civil, movimentação de veículos em vias pavimentadas ou não pavimentadas (escapamento, frenagem e suspensão de partículas do solo), processos de combustão em geral, queimadas, entre outros. Podem surgir também em consequência de fenômenos naturais, como a dispersão do pólen, suspensão de material particulado em razão do vento, erupção de vulcões, entre outras fontes.
Efeitos gerais sobre a saúde: Assimiladas pelo corpo através de inalação, podem atingir as vias aéreas humanas e têm maior capacidade de penetração quanto mais fina forem as partículas. Os efeitos das partículas mais finas estão relacionados à doenças respiratórias e cardiovasculares. A sensibilidade individual à exposição está relacionada à faixa etária e condição de saúde prévia. No caso das partículas mais grossas os danos mais comuns são relacionados à desconforto físico ou ambiental, por conta da deposição de materiais e sujidades em superfícies.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Danos físicos, químicos e estéticos (manchas) em rochas e outros materiais expostos às partículas. Além disso, podem causar perda de visibilidade; danos à vegetação e ao equilíbrio de ecossistemas terrestres e aquáticos. É um dos componentes do “Smog” industrial (névoa de poluentes de difícil dispersão em determinadas condições climáticas).
Dióxido de Enxofre (SO2)
Características: Gás incolor, tóxico e sufocante. Seu forte odor semelha-se ao produzido na queima de palitos de fósforo.
Fontes principais: combustão de carvão, fundição de metais (principalmente o cobre), refinarias de petróleo e veículos movidos a diesel.
Efeitos gerais sobre a saúde: É irritante ao pulmão e prejudicial, principalmente, às pessoas com histórico de doenças respiratórias e idosos. Pode, ainda, aumentar a incidência de rinite, faringite e bronquite.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: A oxidação do dióxido de enxofre forma o aerossol de ácido sulfúrico, principal fator que contribui para a formação da chuva ácida, a qual danifica objetos expostos e acelera a corrosão do ferro (em monumentos, pontes e outros equipamentos urbanos) causando grandes danos em áreas urbanas. Além disso, causa danos à vegetação, aumento da acidez no solo (eliminação de microrganismos e perda de produtividade agrícola). Na água, causa morte de peixes e danos nas tubulações. Vale ressaltar, ainda, que o dióxido de enxofre juntamente com o material particulado são os principais componentes do “Smog” industrial (névoa de poluentes de difícil dispersão em determinadas condições climáticas)
Ozônio (O3)
Características: Gás de cor azul claro, muito instável, reage com a luz solar e é um forte agente oxidante. É o principal componente da camada de ozônio e tem efeito benéfico. Porém, ao nível do solo ele é nocivo.
Fontes principais: Ocorre naturalmente na troposfera. Pela ação do homem ocorre como produto da reação entre outros poluentes (hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, liberados na queima incompleta de combustíveis e evaporação de solventes) e catalisados pela radiação solar.
Efeitos gerais sobre a saúde: Quando presentes na estratosfera tem ação benéfica e protetora de raios ultravioleta. Porém, ao nível do solo, o chamado “mau ozônio” causa doenças respiratórias e irritação nos olhos, efeitos que ocorrem a partir de concentrações bastante baixas.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: O Ozônio é o principal componente do “smog” fotoquímico, um “coquetel de poluição” observável como uma névoa de cor marrom avermelhada que cobre muitas cidades do mundo, principalmente as ensolaradas, quente e de clima seco. Ao nível do solo, causa fissuras na borracha e a destruição de plantas, visto que reagem com suas moléculas de forma negativa. Além disso, sua presença na troposfera (camada mais próxima da superfície terrestre) colabora para o agravamento do efeito estufa.
Monóxido de Carbono (CO)
Características: Gás incolor, sem cheiro e sem sabor, de difícil detecção pelos sentidos humanos.
Fontes principais: Meios de transporte (rodoviário e não rodoviário), indústrias, metalurgia e em todos os processos de combustão incompleta de combustíveis fósseis e outros materiais que tenham carbono em sua composição. Além disso, ocorre naturalmente no meio ambiente.
Efeitos gerais sobre a saúde: Dependendo da concentração, tempo de exposição e nível de esforço, causa dores de cabeça e falta de ar. Em locais fechados causa asfixia e pode levar à morte, visto que o monóxido de carbono se combina com a hemoglobina do sangue e ocupa o lugar do oxigênio. Vale ressaltar ainda que o aumento das internações hospitalares por falhas no coração está relacionado com os níveis de CO no ar urbano e que a exposição crônica pode causar prejuízos ao sistema nervoso central, pulmonar e outros.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Colabora para o agravamento do efeito estufa, pois participa na formação do ozônio troposférico.
Hidróxido de amônia (NH3)
Características: Conhecida como amônia aquosa, amoníaco ou amônia anidra. É um gás incolor, de odor pungente e sufocante, além de tóxico, inflamável e corrosivo. Apresenta-se também, em estado líquido ou aquoso (dissolvida em água). Visto que é bastante solúvel em água, sua concentração nos corpos hídricos é usada como um dos índices de qualidade da água.
Fontes principais: É um solvente comumente utilizado em produtos de limpeza e está presente em produtos alimentícios, cosméticos, fertilizantes, sistemas de refrigeração e em diversos ambientes industriais. Além de disso, ocorre em processos bioquímicos naturais (ciclo do nitrogênio), na água e no solo.
Efeitos gerais sobre a saúde: Causa irritação nos olhos e no trato respiratório e, conforme o aumento de sua concentração, provoca inchaço das pálpebras, vômito, queimaduras e irritações adversas, podendo acarretar morte caso ocorra exposição prolongada a altas concentrações. A amônia dissolvida em água (em altas concentrações), ao ser ingerida, pode causar danos graves já que interfere no transporte do oxigênio pela hemoglobina.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Contaminação hídrica e atmosférica. No meio aquático, diminui a concentração de oxigênio dissolvido na água e é bastante tóxico para os peixes.
Hidrocarbonetos não metanos (NCH4)
Características: Compostos formados de carbono e hidrogênio e que podem se apresentar na forma de gases, partículas finas ou gotas. Compreendem os hidrocarbonetos totais (THC) menos a parcela de metano (CH4). Os principais hidrocarbonetos não metânicos são o isopreno e os monoterpenos.
Fontes principais: Provêm de uma grande variedade de processos industriais e naturais. Nas cidades, os principais emissores são os carros, ônibus e caminhões, resultantes da queima incompleta de combustíveis, como a gasolina, o gás natural e o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).
Efeitos gerais sobre a saúde: Absorvidos através da pele, ingeridos ou inalados podem causar irritação na pele e pulmões, com tosse, sufocamento, falta de ar e problemas neurológicos.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Colabora para o agravamento do efeito estufa, pois juntamente com os óxidos de nitrogênio (NOx), participa na formação do ozônio troposférico (O3), o “mau ozônio”.
Metano (CH4)
Características: É um gás incolor e inodoro que pertence ao grupo dos hidrocarbonetos. É o gás produtor do Biogás.
Fontes principais: Podem ser bióticas (oriundas de seres vivos), como em processos digestivos de animais – em grande parte no agronegócio – e na decomposição de matéria orgânica – como em aterros sanitários. Há também fontes abióticas (meio ambiente) como os combustíveis fósseis e no manto terrestre.
Efeitos gerais sobre a saúde: A inalação do gás trás risco de intoxicação, podendo causar asfixia, colapsos no sistema nervoso e parada cardíaca.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: É um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa.
Hidrocarbonetos totais (HCT)
Características: Compostos formados de carbono e hidrogênio e que podem se apresentar na forma de gases, partículas finas ou gotas. Compreendem os hidrocarbonetos metânicos (CH4) e não metânicos (NCH4), por exemplo: os compostos orgânicos voláteis (COV), o Benzeno, o Tolueno, o Etilbenzeno e Xilenos.
Fontes principais: Provêm de uma grande variedade de processos industriais e naturais, além de estar presente em produtos como solventes, polidores, colas, vernizes, tintas, entre outros. Além disso, provêm da queima incompleta de combustíveis, como a gasolina, o gás natural e o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo).
Efeitos gerais sobre a saúde: Absorvidos através da pele, ingeridos ou inalados podem causar irritação na pele e pulmões, com tosse, sufocamento, falta de ar, problemas neurológicos e no coração. A exposição crônica pode causar câncer e depressão de medula óssea.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Colabora para o agravamento do efeito estufa, pois juntamente com os óxidos de nitrogênio (NOx), participa na formação do ozônio troposférico (O3).
Óxidos de Nitrogênio (NO, NO2 e NOx)
Características: Gases compostos por oxigênio e nitrogênio.
Fontes principais: Processos de combustão industrial e de transportes em geral, como usinas térmicas que utilizam óleo ou gás e incineradores, veículos rodoviários, equipamentos agrícolas e da construção civil e embarcações. Também podem ser gerados naturalmente por descargas elétricas na atmosfera.
Efeitos gerais sobre a saúde: Dependendo das concentrações, causa prejuízos à saúde, visto que são altamente tóxicos ao homem, aumentando os riscos de desenvolvimento problemas respiratórios em geral e irritação das mucosas. Além disso, pode ser transformado em nitrosaminas (agentes cancerígenos) nos pulmões.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Podem levar à formação da chuva ácida, causando danos à vegetação, aumento da acidez do solo (eliminação de microrganismos e perda de produtividade agrícola) e da água (morte de peixes e danos nas tubulações), além de danos a monumentos, pontes e outras estruturas. Além disso, são precursores para a formação do ozônio troposférico e compostos quimiotóxicos, contribuindo para: a formação de “Smog” fotoquímico; para o aquecimento global e para alterações da visibilidade.
Sulfeto de hidrogênio (H2S)
Características: Também chamado de gás sulfídrico ou gás de esgoto (popularmente), é um gás incolor, de cheiro desagradável característico de ovos podres, extremamente tóxico, inflamável e mais pesado que o ar.
Fontes principais: Jazidas de petróleo e gás natural, na extração de sal, nas águas subterrâneas, em esgotos sanitários e industriais, entre outras fontes. Além disso, o gás sulfídrico é um subproduto gerado nos processos desenvolvidos em refinarias de petróleo, indústria química e indústria de celulose e papel, em virtude da presença de enxofre na matéria prima ou nos compostos utilizados durante o processamento. O H2S também é produzido por processos biogênicos naturais (ciclo do enxofre).
Efeitos gerais sobre a saúde: É altamente toxico e dependendo da concentração e tempo de exposição, pode causar desde irritação os olhos até paralisia do sistema respiratório e levar à morte em poucos minutos. Apesar de seu odor desagradável ser facilmente identificado, a inalação de altas concentrações provoca a perda da sensação de odor, o que o faz ser difícil detecção.
Efeitos gerais sobre o meio ambiente: Se dissolvem facilmente em água e óleo e são liberados quando esses líquidos são aquecidos ou agitados. Afeta principalmente a vida marinha devido sua toxidade.
Referências:
BRAGA, Benedito. et al. Introdução à engenharia ambiental. 3ª edição. São Paulo: Pearson Prentice hall, 2021. 285p.
CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Padrões da qualidade do ar. São Paulo. Disponível em: https://cetesb.sp.gov.br/ar/padroes-de-qualidade-do-ar/. Acesso em: 23 nov. 2021.
MMA – Ministério do meio ambiente. Poluentes Atmosféricos. Brasília. Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/poluentes-atmosf%C3%A9ricos.html#Hidrocarbonetos. Acesso em: 23 nov. 2021.
SPIRO, Thomas G.; STIGLIANI, William M. Química Ambiental. 2ª edição. São Paulo: Pearson Prentice hall, 2008. 352p.
WHO – World Health Organization. WHO air quality guidelines global update 2005. Bonn: WHO, 2005.