Cordeis
Cordel ESEC Caetés
Estação Ecológica de Caetés
Autor : José Vieira de Lima
I
Despertei nos assanhos
De uma madrugada acesa
Via a barra no horizonte
Trazendo do dia a certeza
E vi bem junto de mim
A imensidão sem fim
Da santa mãe natureza
Vi a Estação Ecológica
Verde, bonita e sadia
E lá do centro da mata
Parece que alguém me dizia
Que eu fosse olhar de perto
Para ver se era certo
O que de longe eu via
II
Isso era mais ou menos
Às quatro da madrugada
De longe se ouviam os acordes
Do canto da passarada
Cada um com mil certezas
Sonorizava as grandezas
Daquela hora sagrada
Que madrugada era aquela
Divina, pura e grata
A lua lá do infinito
Com o seu disco cor de prata
Se escoava das alturas
Banhando com suas brancuras
A copa verde da mata
Contemplei os arredores
Daquela manhã bonita
Sorri sentindo as grandezas
De uma mão infinita
Cada uma estrela mais bela
Que haja uma manhã daquela
Quem não vê não acredita
III
Vi uma planta em cada canto
E vi um pássaro que cantava
De cada um a grandeza
De bem juntinho eu olhava
Porque sem ver de perto
Nem eu escrevia certo
E nem meu poema prestava
Também vi marcas de fogo
Restos de cinzas e coivaras
E de apagar essas chamas
Hoje as chances são raras
É o que pensa e lastima
José Vieira de Lima
Poeta das espinharas.
IV
Vendo do homem a maldade
Falando só eu dizia:
como é que existe gente
que tem tamanha ousadia?
E não respeita uma planta
De uma beleza tanta
Tão graciosa e sadia?
Também pensei até quando
Nossas matas se consomem
Sem que as autoridades
Uma providência tomem
E acabem com a fumaça
Do fogo por onde passa
A mão perversa do homem
De lá eu saí pensando
Nas grandezas da estação
Sentindo o sopro da brisa
Que se rasteja na erva
Balançando a copa linda
De muitas plantas ainda
Que a natureza conserva
V
Olhei os pontos celestes
Do vago da expansão
Vi tudo que Deus criou
Sem em nada pôr a mão
Uma planta em cada canto
Era o retrato santo
Do autor da criação
A brisa rumorejava
Fresca, serena e sadia
A aurora cor de anil
Devagar se oferecia
De longe uma estrela vindo
E o horizonte se abrindo
Mostrava a barra do dia
De distante o nevoeiro
Como fofuras de lã
Surgia pela abóbada
Deserta, fria e sã
Depois se abria em pedaços
Como quem trazia nos braços
Aquela santa manhã
VI
Milhares de passarinhos
Dormiam pela ramagem
Nos esconderijos frios
Do borrifar na aragem
Entre os ruídos constantes
Dos bulício sussurrantes
Do vai e vem da folhagem
Lá de um recanto mais perto
Bem alegre um rouxinol
Dava o seu primeiro vôo
Nas vagas do arrebol
Falar, ele não falava
Mas seu canto anunciava
A bela vinda do sol
Daí a pouco um carão
Ainda quase dormindo
Se remexia num galho
Piando e se sacudindo
Pelo cantar monótono
Parece que era sono
Que ele estava sentindo
VII
Venceu centenas de anos
Vendo do tempo a distância
Até que chegou um louco
Dominado pela ânsia
Desses que não têm amor
Um monstro destruidor
Que só enxerga a ganância
Porque só mesmo um louco
Cego do entendimento
É capaz de ter na mente
Tão monstruoso intento
Que nada vê de grandeza
E destrói a natureza
Sem ter nenhum sentimento
Hoje para os seus destroços
Quem olha não se engana
Vê um montão de pau
Exposto na terra plana
Dando uma prova legítima
De uma verdadeira vítima
Da perversidade humana
VIII
Alguns pedaços ainda
Que o tempo não acabou
Mostrava as marcas sinistras
Que o machado deixou
Cada marca era a história
De um passado de glória
Que bem distante ficou
Eu vendo a destruição
Não me senti muito bem
Medi na mente o tamanho
Da crueldade de alguém
E vi que num tempo ido
Aquele tronco apodrecido
Já deu sombra ali também
Quem sabe os anos que ele
Deu sombra naquele chão
Resistindo às tempestades
De chuva, vento e trovão
Venceu do tempo os embates
Só não venceu os combates
Da mão da destruição
IX
As borboletas em bandos
Se repousavam nervosas
Pelo emaranhado verde
De muitas ramas frondosas
E o beija-flor de costume
Sugava o santo perfume
Do abrir de algumas rosas
Também se ouvia o zumbido
Dos insetos voadores
E milhares de abelhas
Adormecidas nas flores
Pelas touceiras e socas
Rastos deixados e tocas
Dos animais roedores
Uma garça gazeando
Sobrevoava o vazio
Pela imensidão deserta
Do céu ainda sombrio
Depois de uma certa manobra
Se recolheu numa dobra
Da margem fresca do rio
X
Nenhum animal saía
De suas tocas nativas
Temendo o bote certeiro
De algumas cobras nocivas
Enroscadas pelos troncos
Ou pelos balceiros broncos
Das tiriricas agressivas
Uma raposa entocada
Num camarote de feno
Aquecia o corpo frio
Molhado pelo sereno
E um tatu rabo de couro
Como quem caçava ouro
Escavacava o terreno
Numa ribanceira de matos
Vestígios de alguns preás
Pegadas ainda vivas
De pacas e tamanduás
E de um recanto afastado
Se ouvia o miado assustado
Dos gatos maracajás
XI
Era um eucalipto que foi
Pelo homem destruído
A folhagem já toda seca
E o tronco apodrecido
Tudo dele com certeza
Pelo rigor da frieza
O tempo tinha engolido
Nada mais ali existe
Do que um quadro sisudo
Representando um cenário
Silencioso e mudo
Sem assistência e sem patronos
Vencidos pelos detonos
Do tempo que arrasa tudo
Restos de galhos e garranchos
Se reduzindo e retraços
Do tronco sujo e preto
Já arredados alguns passos
Uns dos outros se afastando
E o tempo devorando
Os derradeiros pedaços
XII
Seus galhos se remexiam
Fazendo mil piruetas
Se retratando na lua
As mais belas silhuetas
Palco de doces carinhos
Coreto dos passarinhos
Descanso das borboletas
Cada tronco estremecia
Pelos sopapos dos danos
Da violência em arrojos
De alguns ventos tiranos
Cada um nessa pisada
Vencia uma luta travada
Talvez de mais de cem anos
Quando menos eu esperava
Entre o imenso verdor
Esbarrei com um quadro
Triste, feio e arrasador
Que me deixou intranqüilo
Transformando tudo aquilo
Numa cena triste de horror
XIII
Uma preguiça abraçada
No tronco de uma imbaúba
Subia tão devagar
Como quem não se perturba
Na pisada que ela ia
Talvez no espaço de um dia
Menos de um metro ela suba
Na mesma árvore um sagüi
Borrifado de orvalhos
Saltava e dava pinotes
Sem encontrar agasalhos
Pendurado num cipó
Da cauda fazendo nó
Se balançava nos galhos
Eu vendo aquele animal
Cheio de vida e cobiça
Então pensei comigo
Com a minha idéia omissa:
por que é que a natureza
fez um com tanta esperteza,
e o outro com tanta preguiça?
XIV
Para saber do segredo
Eu fiz um pequeno estudo
E vi que perante Deus
Eu sou um ser tão miúdo
Que nada faço e nem conserto
Que esteja errado ou certo,
É Deus quem cria tudo
Vendo de Deus os mistérios
Eu mudei de pensamento
Fiquei olhando as grandezas
Daquele santo momento
Ouvindo o cantar das aves
E os rumorejos suaves
Das ondas frias do vento
Oh! que belo panorama
Aquele que eu estava vendo
O sereno frio de leve
Pela ramagem descendo
Do dia os primeiros raios
E os derradeiros desmaios
Da noite quase morrendo
XV
A lua se derramava
Pela folhagem diáfana
Se espalhando pelas relvas
Da superfície terrana
Gotejando os matagais
Refúgio dos animais
Nas horas de cruviana
Alguns pingos de orvalho
Pelas ramas gotejantes
Se misturavam nas cores
Dos limites verdejantes
Ponteando a madrugada
Pela imensidão copada
Dos eucaliptos gigantes
Cada eucalipto era
Um gigante com certeza
Provando perfeitamente
De Deus a imensa grandeza
Testemunhos centenários
Ator de lindos cenários
Abismos da natureza
Cordel Rio São Francisco
De como o Velho Chico se apresenta
Escutem cá minha voz
Olhem bem na minha cara
Pois eu vou me apresentar
Nesta terra de luz clara
Me chamam de São Francisco
Nome de berço é Opara
Que quer dizer Rio-Mar
Na língua do índio irmão
O primeiro que me viu
A escorrer neste chão
Até a beira do mar
Atravessando o sertão
Em 1501
Foi que um branco me achou
– O dito Américo Vespúcio
Que por aqui navegou –
No dia de São Francisco
Francisco então me chamou
Mas Francisco é nome grande
É também nome de rico
Como eu sou muito idoso
E com mais idade eu fico
Alguns então cá me chamam
Somente de Velho Chico
Cordel Educação Ambiental
O cordel EDUCAÇÃO AMBIENTAL EI(S) A RIMA, de autoria de Bartolomeu Leal de Sá, aborda os temas ambientais como biopirataria, biodiversidade e educação ambiental e alerta sobre os cuidados urgentes que devemos ter para garantir a qualidade ambiental no nosso planeta.
Contatos com o autor através do fone: (81) 3221-0881
Cordel sobre a CPRH
Autora: Luciana Falcão
Xilogravuras: Augusto Barros
No governo Eduardo Campos
Deu-se a reestruturação
A Agência Ambiental
De um concurso lançou mão
Mais 300 servidores
Ligarão os seus motores
Numa mesma direção
Maior sede projetada
Funcionários por chegar
Continua a empreitada
De crescer e melhorar
Com a capacitação
Vem mais força de ação
Para a Agência trabalhar
Com tanto projeto grande
Vindo para nosso Estado
A Agência se viu cheia
Com trabalho redobrado
Promoveu quatro audiências
E chegaram as diligências
Com o povo convidado
Veio o empreendedor
Com uma fala inteligente
Na audiência explicou
O que atingia o ambiente
O homem simples ouviu
Perguntou e sugeriu
Ficou pra lá de contente
Se uma empresa ou escola
Da Agência precisar
Vai contar com uma equipe
Treinada para ajudar
No respeito ao ambiente
Que é coisa demais urgente
Pra o planeta preservar
Tem palestra, tem cartilha
Estudo e orientação
Sobre água, alimentos,
Ar e poluição
Vai ensinar com capricho
O destino certo do lixo
Pra toda população
Todo dia tem demanda
De atendimento à Imprensa
Se um acidente acontece
A correria é intensa
Rádio, jornal e TV
Todo mundo quer saber
O que é que a Agência pensa
Se autuou, qual a multa
Quem causou a infração
Diretor dá entrevista
Explica à população
Os fatos daquele dia
Tem trabalho a assessoria
Com tanta poluição
Para as licitações
Da comissão permanente
O pregão é eletrônico
Que é pra envolver mais gente
Usa a modalidade
Que dá mais publicidade
Num processo transparente
O custo foi reduzido
Ficou melhor de comprar
Facilitou o processo
Com a internet no ar
Ganhou-se celeridade
E ganha a sociedade
Que pode acompanhar
Carta, fax, telefone
Até e-mail se envia
De um jeito ou de outro
Tudo chega à Ouvidoria
Elogio, reclamação,
Denúncia e sugestão
Dia e noite, noite e dia
Eu posso furar um poço?
Licença eu pego onde?
Como anda meu processo?
Logo a Agência responde
Toda solicitação
Vê-se com satisfação
Informação não se esconde
Pra analisar os estudos
De impacto ambiental
E emitir pareceres
Nós temos o pessoal
Que usa de competência
Pra termos de referência
Com firmeza sem igual
Nesse ano que passou
Foi trabalho pra danar
Coisa de um EIA por mês
Que tinha pra analisar
Num serviço detalhado
Que tem como resultado
Segurança e bem estar
Não pense em ir funcionando
A torto e a direito
Tem que andar no rumo certo
Com o ambiente ter respeito
Se errou e poluiu
O ar ou a água do rio
Tem de pagar pelo feito
Para isso é que se tem
Boa fiscalização
Pela denúncia que vem
Ou mesmo se venha não
A inspeção de rotina
Já analisa e ensina
Dando orientação
Com os empreendimentos
A riqueza sinaliza
O futuro bate à porta
E a Agência enfatiza
Que um cuidado especial
Para a área industrial
É coisa que se precisa
Pois tudo tem que seguir
As exigências legais
Tentando se evitar
Perigos ambientais
Projetos e parcerias
Vêm trazendo melhorias
Trarão na certa bem mais
Dando o devido apoio
Para a fiscalização
Existe o laboratório
Que avalia a condição
Das amostras de efluentes
E das denúncias recentes
Vindas da população
Faz parte desse trabalho
Ainda monitorar
A qualidade das águas
E a qualidade do ar
É amostra pra danado
Que chega de todo o Estado
Pra agência analisar
Pra preservar o ambiente
De tanta degradação
Cria-se RPPNs
E Áreas de Proteção
Conservando o bioma
Tem soldado da Cipoma
Pra ajudar nessa missão
Gerindo novas reservas
– 06 em Itamaracá
E cuidando das que existem
Para o povo visitar
Dá apoio à pesquisa
Monitora e fiscaliza
Ensina a reflorestar
No Estado de Pernambuco
Tem obra por todo lado
Se houver desmatamento
Precisa ser compensado
Ao utilizar a área
Pra cultura ou pecuária
Mantém-se o mesmo cuidado
Pra ajudar nessa tarefa
Fez-se a publicação
De um manual que ensina
A fazer restauração
Das florestas atingidas
Que devem ser protegidas
Pra o bem da população
O litoral do Estado
Merece muita atenção
Por isso a Agência discute
Projetos pra contenção
Do avanço da água do mar
Procurando evitar
O aumento da erosão
Simpósios e seminários
Encontro internacional
Levantamento de dados
Para ocupação legal
Proteção e ordenamento
Estudo e acompanhamento
Das obras no litoral
Fazer monitoramento
É trabalho delicado
Água boa ou não pra banho
No litoral do Estado
Ou Fernando de Noronha
É uma viagem medonha
Mas se tem o resultado
O técnico faz coleta
D’água de reservatório
De rio, de mar e de poço
Manda pro laboratório
Os dados são registrados
Estudados, comparados
Guardados em relatório
Capibaribe, Ipojuca
Goiana, Jaboatão
Beberibe, Pirapama
São bacias em questão
De comitês já formados
Sempre bem articulados
Fortalecendo a gestão
São projetos, oficinas
Fóruns institucionais
Para resolver conflitos
De temas ambientais
Que envolvam as bacias
E formando parcerias
Com prefeituras locais
Uso e ocupação do solo
Projetos de irrigação
Usinas e condomínios
Linhas de transmissão
Têm que ter ordenamento
E obter licenciamento
Conforme a legislação
Quase 3000 processos
Tudo visto e analisado
Deu trabalho mas valeu
Pois o que foi tramitado
Representou um aumento
De quase 20 por cento
Sobre o ano passado
Reforma agrária é assunto
De uso territorial
Por isso exige licença
Pra assentamento rural
Sempre com gerenciamento
E com acompanhamento
Da Agência Ambiental
Neste ano em questão
Houve muito o que fazer
O número de licenças
Cresceu como só o quê
Foi de quatro vezes mais
Do que quatro anos atrás
Cumprimento do dever
O Jurídico da Agência
Atua em todo momento:
Nos convênios, pareceres
Processos de julgamento
Lavratura e emissão
De autos de infração
Base pro licenciamento
Pois sendo missão da Agência
A proteção ambiental
É preciso haver rigor
Em toda questão legal
Vendo com seriedade
Desde a elaboração
À aplicação final
Previsto em legislação
O licenciamento é
Instrumento efetivo
Para aquele que quiser
Sua empresa instituída
Ou a casa construída
Da melhor forma que houver
Se estiver tudo certinho
A licença é entregue
Escritura, formulário
E o documento concede
Quando se vê tudo feito
Com o ambiente perfeito
Vê que o cuidado procede
Vira e mexe é novidade
Nessa CPRH
O portal na internet
Se a gente acessar
Tem denúncia, informação
Fotos, fiscalização
E qualidade do ar
Se quiser licenciamento
Não precisa ter horário
Com toda facilidade
Você pega o formulário
Sabe qual o documento
Onde levar e o momento
Sem falar com o funcionário
Lá na CPRH
Limpeza e manutenção
É com Serviços Gerais
Haja recuperação
Pra manter tudo arrumado
Desde a fenda no telhado
Até dedetização
Compra de material
Extintores pra recarga
Conserto de telefone
Grade, cadeira, fachada
Chave, carimbo e pintura
Fica tudo uma belezura
Na casa não falta nada
Mudou-se a biblioteca
Fez-se a organização
3000 títulos no acervo
Ficou tudo mais à mão
Arquivo informatizado
Para o ambiente voltado
Com manual de gestão
Pra ficar bem informado
Tem revista e tem jornal
A Agência até empresta
Parte do material
Livro, filme, CD
Coisa que só o quê
Sobre o tema ambiental
Ano Novo, vida nova
Há muito que se fazer
Mais UIGAs chegarão
Ao interior pra atender
À demanda ambiental
Do Estado por igual
E a gestão fortalecer
Após as contratações
Iremos implementar
Novo sistema que mede
A qualidade do ar
Tem reforço em Petrolina
E a Agência já se anima
Pro futuro que virá
A equipe é comprometida
– E vem chegando mais gente
Projetos foram pensados
Recursos para o ambiente
Pra que tudo se renove
Pode vir, 2009
Que o trabalho segue em frente
Cordel Pintor-Verdadeiro
Pintor-verdadeiro, preservar é preciso
Autor: José Mauro de Alencar
Saúdo a todos vocês
Por favor, prestem atenção
Venho fazer um apelo
Em prol da preservação
E peço ajuda, que lutem
Contra a devastação.
A mata que ainda resta
É um celeiro abundante
Onde a natureza pulsa
Vive um perigo constante
Sob o risco do machado
Chora a esperança minguante.
Acompanhando esse choro
Clama o socorro, ligeiro
Piados curtos, constantes
Que se dão, por desespero
De um raro passarinho
É o Pintor-verdadeiro.
O Pintor é um Tangara
Uma ave bem pequena
Mas de uma grande beleza
Luminosidade plena
Que a natura coloriu
Usando um bico de pena.
Mede uns treze centímetros
Tem cabeça esverdeada
Corpo azul-claro metálico
Uma parte alaranjada
E os contornos de preto
Nesta aquarela encantada!
Morador da Mata Atlântica
Mesmo que pouco se exiba
De Sergipe a Alagoas
Pernambuco à Paraíba
E Rio Grande do Norte
É onde o seu canto arriba!
É uma espécie endêmica
Do Nordeste brasileiro
Vive em matas litorâneas
Tendo por pouso certeiro
As selvas remanescentes
Seu refúgio derradeiro.
Quando encontra uma área
Que não há destruição
Chegando o mês de setembro
Antecedendo o verão
Os pintores se procuram
Para a reprodução.
Até o mês de dezembro
O macho começa a caça
E constroem na bromélia
Um ninho em forma de taça
A fêmea tira a ninhada
Cresce a família e se abraça!
Os filhotes, pequeninos
Precisam de guardas vidas
Tem plumagem verde-oliva
E ficam nas acolhidas
Mas depois que eles crescem
Nascem plumas coloridas.
Daí, eles ganham a mata
Conhecendo um mundo novo
Até encontrar um par
Depois que tem o aprovo
Faz o ninho e comemora
O nascer de outro ovo!
Alimentam-se de insetos
Que recolhem nas folhagens
Beliscam pequenas larvas
Quando saem nas vantagens
Têm bagas pequenas frutas
Abundantes nas paisagens.
Ž
Um animal tão bonito
Tem que ser mais preservado
Se toda a sociedade
Passar a ter mais cuidado
Com certeza esse Pintor
Por muitos será lembrado.
A forma de preservar?
Basta que a população
Denuncie os traficantes
De animais e a agressão
Dos desmates florestais
Com sua devastação.
Pintor, Pintor-verdadeiro
Inda tanto hás de pintar
Não desistas dessa luta
Tens a tinta pra lutar
O teu canto de socorro
Raia o sol para ajudar.
Voa belo, belo e livre
Enfeitando a natureza
Rebuscando a consciência
De quem te fez malvadeza
Abre, oh Pintor, teu leque!
Dedilhando antes que seque
E pinta do teu tinteiro:
Imploro ao Direito a Vida
Roga a minha alma ferida
O bom Pintor-verdadeiro.
Cetas Tangara – Respeito aos Animais
Cordel Cetas Tangara – Respeito aos Animais
Autor: Ciro Carlos Rocha e Rivani Nasario